Proteção à infância em pauta: Seminário “Faça Bonito” mobiliza autoridades e rede de proteção no Amazonas
Por três dias, o auditório Belarmino Lins, na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), foi palco de uma ampla mobilização em defesa da infância e adolescência. De 4 a 6 de junho, o Seminário Estadual “Faça Bonito” reuniu mais de 500 participantes, entre especialistas, autoridades e profissionais da rede de proteção, para debater estratégias de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes.
O evento foi promovido pelo Instituto de Assistência à Criança e ao Adolescente Santo Antônio (IACAS), através do projeto Mobilizar e Agir, em parceria com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e pelo Comitê Estadual de Enfrentamento à Violência Sexual e da Cáritas Arquidiocesana de Manaus.
A programação contou com mesas-redondas, palestras e troca de experiências envolvendo representantes de instituições como UNICEF, Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), Ministério Público, Defensoria Pública, Ministério da Saúde, FVS-AM, universidades e
diversas organizações da sociedade civil.
Fortalecendo a rede de proteção
“Estamos finalizando o seminário, e esse seminário foi um seminário de conteúdo, onde se reúne pessoas que vêm trazer informação para todo o estado do Amazonas. É lógico que esse trabalho não teria sucesso se não fosse um trabalho em construção conjunta, com toda a rede de proteção e de promoção de crianças e adolescentes desse estado”, destacou Amanda Ferreira, coordenadora geral do IACAS.
Ela também ressaltou o caráter colaborativo da ação: “trazer todas as pessoas que nós conseguimos para cá, para fazer uma autodiscussão
sobre a política da infância só foi possível porque muitos deram a mão. A cada evento como esse, a gente sai com uma responsabilidade muito maior de fazer melhor e de fazer bonito em todo o estado“.
Discussão de alto nível
O seminário abriu os trabalhos com um debate sobre a Efetivação da Lei 13.431/17, norma que estrutura o sistema de garantia de direitos para crianças e adolescentes vítimas de violência. A mesa reuniu nomes como Dinah Câmara Abrahão (TJAM), Marcelo Martins (MP-AM), Vinícius Coelho (Defensoria Pública), Fabiana Boaventura (TJAM) e Nayana Goes (UNICEF Brasil).
Outros temas abordados incluíram:
- Boas práticas no atendimento às vítimas — com experiências da Cáritas e de
serviços de saúde de municípios do interior. - Pesquisa científica e prevenção de violências, com participação de Dom
Joaquim Hudson Ribeiro, da FVS-AM, pesquisadores da UEA e da UFAM. - Masculinidades e o papel dos homens na prevenção, com especialistas como
Ítalo Beltrami (ONU) e Antônio da Conceição Montes (TJAM). - Desafios na atuação da saúde como porta de entrada para identificação das
violências, com representantes do Ministério da Saúde e da FVS-AM.
Integração com a saúde
A coordenadora geral de Vigilância e Prevenção de Violências e Promoção da Cultura de Paz do Ministério da Saúde, Anaís Assay, reforçou a importância da construção de linhas de cuidado eficazes:
“Esse evento é muito importante porque ele é um marco para a organização da linha de cuidado, de atenção, de garantia de direito das crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Temos fortalecido os estados e municípios nessa implementação e na formação
dessa rede, nós colocamos à disposição”.
Participação do interior
Representantes de municípios de todo o Amazonas participaram ativamente do seminário. Rosiele Maurício, educadora social do IACAS em Carauari, ressaltou o impacto da formação: “esse seminário é de grande importância para nós enquanto equipe, pois, a partir desses
conhecimentos — de figuras importantes que fazem parte da saúde, da educação — nós estamos adquirindo novos conhecimentos para fortalecer a rede de proteção do nosso município“.
Avanços e desafios
O seminário evidenciou avanços importantes na articulação da rede de proteção no Amazonas, mas também reforçou a necessidade de fortalecimento contínuo das ações, principalmente nos municípios do interior, onde as barreiras geográficas e de acesso aos serviços ainda são um desafio.
Informações: Assessoria de Comunicação Iacas